Perder pra ganhar

É até estranho dizer mas a verdade é que eu, a rainha da ansiedade, não tenho mais tanta pressa.

Aconteceu dia desses, quando fui vestir Marina com um macacão de plush rosa que ela só tinha usado uma vez, estávamos as duas no quartinho dela, conversando sobre o friozinho daquela noite, falando das roupinhas que a avó Nena trouxe de presente, enquanto eu abotoava os primeiros botões da perninha.

Percebi que algo estava estranho, mas ainda não sabia o que. Terminei de vesti-la, e de repente vi que a pequena se mexia com uma empolgação exagerada, foi aí que notei: o macacão estava tão pequeno que ela mal podia esticar as pernas!

Troquei Marina com uma certa tristeza, afinal como é que podia minha bebê já não entrar nas suas roupinhas? Era cedo cedo demais pra ela ter crescido tanto.

O mais engraçado é que eu sempre torci pro tempo acelerar, sempre quis ver o que vem depois, e passei meus 28 anos lutando contra essa ansiedade enorme, aí naquele instante, no exato momento em que o macacão de plush rosa impediu minha princesa de esticar suas perninhas, eu parei. Parei no presente.

Dali em diante decidi viver cada dia, afinal de contas se você é mãe sabe (e se não é já ouviu dizer) os bebês se desenvolvem rápido demais, e cada manhã com Marina é uma surpresa, um novo gesto, uma nova expressão, um movimento diferente... Tudo absurdamente incrível pra ser perdido enquanto se pensa no amanhã.

Foi preciso perder um macacão de plush rosa pra ganhar a tranquilidade que sempre procurei.