sexta-feira, 25 de abril de 2014

É tão simples complicar


De uns tempos pra cá as questões que mais ecoam na minha cabeça estão relacionadas com a busca por uma vida mais simples.
Acredite, apesar de contraditório, simplificar é bem complicado.
A parte inicial do processo é, ao meu ver, a mais difícil: pra começar preciso desapegar.
Engraçado que muitas vezes me convenço facilmente de que não preciso de tanto, que não devo me influenciar por marcas, que comprar brinquedos aos montes não faz minha filha mais feliz. Mas às vezes, quando me distraio, me pego influenciada pela televisão, pelos amigos, por vitrines, pela internet.
São os antigos vícios e costumes, essa mania besta de relacionar ser com ter.
Eu estou bem longe de ser radical, mas também não quero tapar os olhos e deixar minha família ser dominada pelo consumismo.
Depois que a Marina chegou, o que mais tenho buscado é um meio termo, algo parecido com o que tive na infância já seria um ótimo começo.
Não faz tanto tempo assim, mas de lá pra cá muita coisa mudou, não é mesmo?
Hoje estamos cada vez mais confinados, presos em nossos apartamentos e casas sem quintal, vivemos aniversários em buffets, feitos em larga escala, queremos educação bilíngue, enchemos nosso carrinho de industrializados saudáveis e oferecemos às nossas crianças maçãs da mônica, crentes de que estamos fazendo nosso melhor.
Mas sabe, eu quero um pouco menos.

Gostaria de ouvir menos barulho de carro e também de ter menos tralha nos armários. Em todos eles. Quero menos potinhos de plástico, menos televisão ligada, menos facebook, quero diminuir a conta de luz e também as idas ao salão de beleza, quero me olhar menos no espelho e lembrar de olhar pra dentro, menos dias perdidos no transito, menos remédio.

Eu quero me comparar menos.

Por aqui caminhamos como formiguinhas, mas também nos damos o direito de não ter pressa. Temos cuidado um pouco mais do jardim e eu já venho sonhando com um espaço para tomates cerejas, a fruta preferida da minha Marina. Quero também uma composteira pra sentir menos culpa e alimentar as plantinhas. E alguns novos amigos pra compartilhar essas ideias.

Eu andei sumida, porque precisava organizar alguma coisa que andava torta aqui dentro. Isso acontece às vezes, quando insisto em complicar.

Não vou desistir de abastecer esse espaço porque gostaria muito, que num futuro próximo, minha filha soubesse das tentativas que fizemos, dos erros que cometemos e das vezes que pensamos acertar.

Vou tentando simplificar, e registrar.




5 comentários:

  1. Um texto que emociona.
    É mesmo difícil alcançar a simplicidade, mas o querer já é um grande passo.
    Beijo!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada Ana! Concordo com você, querer já é parte do caminho.
      Beijão

      Excluir
  2. Nessa mesma busca
    Com essa mesma necessidade
    A mesma percepção, mesmo sentimento
    Mas se quem vive ao nosso lado não vê, quer, aceita assim a tal complicação é um desafio
    Encaremos!
    Desaceleremos, enfiemos a mão na massa, façamos brigadeiros, enchamos balões, vivamos e provoquemos hábitos cotidianos a moda antiga
    E sejamos cada dia menos e mais
    Vim aqui pelas mãos de Ana Paula
    Simples e encantadora satisfação
    Abraço e beijo com um sonoro prazer em conhecer!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Tina, obrigada pela visita e pelo carinho, seja bem-vinda!
      Beijão pra você :)

      Excluir
  3. só uma coisa: fiquei fã!

    sem mais. :)

    ResponderExcluir