domingo, 4 de agosto de 2013

Grande menina

Filha minha, você cresceu.
Tanto.
Hoje fomos almoçar em um lugar muito legal, uma fazendinha cheia de brincadeiras, bichos e crianças por toda parte.
Você mal tocou na comida, queria ver, andar, correr, experimentar a vida.
Brincou com seu vovô Milton, deu risada com o dindo, conheceu de perto os bichos agarrada na vovó Neninha. Foi uma festa.
Quando terminamos de comer, eu e seu pai fomos acompanhar suas aventuras. Te encontramos perto do pavão, tremendo de medo.
Aliás, o medo é uma novidade chata nos nossos dias.
Faz pouco tempo que você começou a usar essa palavra, e em algumas situações se esquiva, agarra minhas pernas ou volta pra trás.
Eu queria te explicar que o escuro é só a falta de luz, mas você continua deixando a bolinha pra lá, caso ela role pra um cômodo de luz apagada.
Faz parte?
Hoje te contei que o faisão era legal, colorido, e que a gente podia chegar mais perto. Você se aproximou, mas quase me deixou com torcicolo de tão agarrada.
Te mostrei os coelhinhos, e deles você não teve medo.
Mas o peru... O peru você não quis nem ver!
Enquanto a gente observava tudo você percebeu que algumas crianças passeavam em uma charrete puxada por um cavalinho.
E de repente, sem mais nem menos, você entrou na fila, sozinha, atrás de quatro crianças bem maiores. E ficou ali, parada, tentando compreender o funcionamento da coisa.
O cavalinho estacionou. As crianças desceram. Chamaram mais 4.
E agora você era a primeira da fila, parada exatamente no lugar onde deveria estar, esperando sua vez.
A charrete voltou, você ficou olhando as crianças descerem e depois deu uns 3 passinhos pra frente, até que a tia te pegasse e colocasse junto com mais 3 pequenos.
Uma delas se chamava Ester.
E você segurou sua mão.
Nem acenou.
Nem nos olhou.
Confiante, foi embora, me deixando com os olhos cheios e o peito apertado.
Deu uma volta, que não deve ter durado mais que 2 minutos, e eu vivi uma eternidade.
E se você caísse? E se o cavalinho passasse por cima? E se chorasse um pouquinho? Se sentisse minha falta?
E se...
Você voltou.
A tia te pegou, colocou no chão, você segurou minha mão com uma naturalidade absurda.
Fomos andando em direção a um brinquedo.
Você, sem dizer uma só palavra, me explicou bem certinho que um dia vai.
E eu soube que nunca mais serei a mesma.

Amo você, gatinha.

Um comentário:

  1. Ler o crescimento da Marina através da curiosidade pelo mundo, a compreensão, o medo ( acho que mais da mãe! ) é encantador.
    Beijo

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