terça-feira, 15 de maio de 2012

Anônimo

Minha mãe é gerente.
De loja, aposentada do banco e de nossas vidas.
Cuida de cada detalhe, preocupa-se com o que vamos comer, como vamos fazer, a roupa que iremos vestir. Da filha, filho, genro, ex marido e neta.
Dela não tanto, precisa apenas de um pijama, um cigarro e uma xícara de café bem forte.
Minha mãe é fácil embora às vezes se faça de difícil. Faz parte.
Ela tem o melhor dos colos, pra poucos, mas sempre disponível.
Se você conhece minha mãe, sorte a sua. E você sabe disso, claro.
Gosta do Chico mas poucas vezes tem tempo pra escutar sua música, está sempre muito ocupada.
É dela a melhor feijoada, o bolo mais fofinho e a caipirinha perfeita.
Pra ela só um pouquinho, e assim se mantém magra.
Tão linda.
Minha mãe não bate palma pra não estragar o parabéns. Desafina.
Mas é sempre a preferida do aniversariante.
Tem muitos amigos e reza por todos eles, mesmo que nem desconfiem.
Não prova nada a ninguém.
Não precisa.
Não quer.

Minha mãe é a melhor que já conheci, e se não fosse minha... Ai de mim.
Me deixou estragar seus batons vermelhos e enterrar seus saltos na grama, pra sempre.
Agora é feliz de rasteirinha e sapatilha.
Prefere caminhar por horas a ficar sentada fazendo pose de madame com o pé espremido no sapato alto.
Vai e volta a pé, contemplando o mundo com a certeza de que só tem a agradecer.
Como eu.

Sei tão pouco, mas aprendi tudo com você.
Te amo.

Anônimo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário