quinta-feira, 11 de julho de 2013

Barriga positiva

Outro dia eu estava conversando com uma amiga sobre o corpo depois da gravidez. Sobre o meu corpo.
Ela me disse que não são todas as pessoas que encaram as estrias tão na boa quanto eu.
Aí não sei porque eu fui correr atrás da Marina, minha amiga foi dar mamá e a conversa acabou por isso mesmo.
Mas sabe que esse papo ficou na minha cabeça e quando cheguei em casa continuei pensando no assunto.

A verdade é que eu não levo a coisa assim, tão na boa, mas eu aceito. Faz diferença? Acho que sim.
Depois dos meus 11 anos nunca fui magrinha, sempre quis emagrecer um pouco, às vezes 2 quilos, outras vezes 12.
E vivi sempre assim, fazendo um pouco de dieta, alguns meses de excesso, um tanto de exercício, umas semanas sem tirar a bunda do sofá, às vezes com a calça apertada, outros dias com o short larguinho, e sempre com muito rímel e blush pra manter a dignidade.
Mas mesmo parecendo desencanada pra alguns, a aparência e especialmente o peso me incomodavam bastante. Já chorei por causa do vestido que não fechava e me odiei por não ter feito regime antes de ir pra praia.
Só que assim, de verdade, passa.
E depois de ser mãe a importância das coisas mudou completamente.
Eu engordei 15 quilos na gravidez, fiquei bem grande e nas últimas semanas extremamente inchada. Mas tava tudo bem, meus exames sempre ok e a bebê se desenvolvendo como o esperado.
Eu tive muita disposição, subi e desci escada à beça, inclusive um dia antes do nascimento da minha filha. Fiz pilates, caminhada, fui à praia e nadei no mar. Me sentia ótima!
Aí, no oitavo mês de gestação minha barriga começou a coçar e uns 2 dias depois a primeira estria estava lá. Bem pequena, perto do meu umbigo.
No outro dia mais 2.
No seguinte mais umas 4.
E uma semana depois eu já não conseguia contá-las.
Chorei horrores, de desabar mesmo, caindo pelas paredes, agachada no chão.
Eu nem pensava no que iria fazer com minha barriga depois, nem em como ela iria ficar, minha encanação era em tempo presente: eu não podia mostrar minha barriga pra ninguém, não podia tirar fotos, não podia usar biquíni.
Lembro bem que em um dia desses de barriga rasgada de estrias eu fui ao mercado e encontrei uma amiga, ela logo de cara foi erguendo minha blusa pra passar a mão no barrigão. Nem consegui me mexer de nervoso e ela ficou tão impressionada que baixou logo minha roupa pra cobrir o estrago o mais rápido possível. Vi no mesmo instante que ela ficou com pena, muito mais do que fiquei com vergonha.
Cheguei em casa e chorei.
Essa fase foi uma merda, eu chorava por causa das estrias, depois me sentia péssima e chorava por ser fútil. Sentia que me preocupar com isso era uma besteira, já que aquele era só mais um sinal de que minha filha crescia! Mas algumas vezes o desespero era inevitável.
Depois que Marina nasceu eu perdi 9 quilos em 20 dias e os outros 6 levaram uns 6 meses pra sumir. Não fiz regime nem exercícios, só vivi, e posso garantir que nesse começo da minha vida como mãe eu esqueci de tudo. Não tinha vergonha do meu novo corpo, não estava nem aí para as estrias e pra flacidez absurda da minha barriga. Eu só podia amar minha pequena e assim me amava também.
Eu não acho que minha barriga de agora seja bonita. Mas também não achava antes.
A verdade é que a gente se critica demais, e sempre.
A diferença é que a experiência de viver algo tão importante me fez colocar as coisas nos seus devidos lugares.
Eu não sou atriz. Nem modelo. Nem fisioculturista. Eu não tenho intenção de posar nua e estou certa de que também não querem me ver pelada em revista alguma.
Eu não tenho colesterol alto, não estou com diabetes e não tenho problemas de pressão.
Estou saudável e meu corpo me leva onde preciso e é meu instrumento pra conquista de muitas coisas.
Me serve, e eu entro nele com perfeição.
É claro que se me dessem um creminho milagroso pra apagar as listras da minha barriga eu passava na hora, mas enquanto não existe milagre eu gasto meu tempo amando meu marido, brincando com a minha filha, cozinhando, caminhando no parque e escrevendo textos como este.
Não vou perder horas em clinicas que só querem me enganar, nem deixar de ir à praia, nem recusar a sobremesa.
Se tudo der certo, minha barriga ainda vai crescer muito mais uma vez, e eu, com a cabeça mais tranquila hei de curtir o que está lá dentro e ignorar o que aparece por fora.
Aliás, não é isso que deveríamos fazer sempre?
Outra coisa que percebi quando resolvi amar meu corpo é que as pessoas se incomodam muito se você não reclamar.
É um desaforo não querer tomar suco de luz, nem proteína sei lá de que, é um absurdo não ter personal trainner  e não fazer dieta detox. O papo de muitas das rodas é a dieta do senhor sei lá quem e os treinos funcionais. Política, cinema, música, viagens, restaurantes, tecnologia... pra que? Vamos falar de barriga negativa.
Desculpa, mas prefiro ficar de fora.
Não porque sou relaxada (sou?), mas só porque sou positiva.
Eu e minha barriga, pra sempre!

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Antes que me atirem pedras aos montes, já vou esclarecendo: Eu sou super a favor de que cada um cuide do seu corpo (e da sua vida) como bem entender. Acho lindo mulher magrinha e fico passada com a determinação das meninas na academia. Eu só não quero e não tenho OBRIGAÇÃO de parecer com as mulheres da revista. Só isso.



6 comentários:

  1. Barriga-com-barriga ( um poema meu )

    No sofá meu corpo repousava
    Mansa e qual gato
    roçando e ronronando
    você pousou sobre mim
    E pude acariciar suas asas
    enquanto nossos corações respiravam juntos
    Sua alma vestida de corpo
    de quase sete anos
    acomodou-se aconchegada
    Barriga com barriga
    deixamos o tempo passar
    sem nos incomodar
    Dia outro, dentro da minha barriga
    você estava
    e eu te aninhava
    Hoje, barriga-com-barriga
    nos aninhamos juntinhas
    e nos deixamos ninar

    Suas asas logo estarão fortes
    e o vento do planeta te alçará
    Adormecemos e sentimos
    que o calor de barriga-com-barriga
    é para sempre sempre amor

    Bj

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  2. Lindo!!! Se todos vivessem assim, o mundo seria melhor!! ;)

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  3. Eba eba eba!! Penso assim tb Lê!! Não faço o tipo magrinha (nem de longe!) e assumo minhas estrias! Na verdade pra mim elas são como tatuagens de uma época linda da minha vida. Gosto de me cuidar, mas nunca serei aquela tipo de revista. E quer saber.. Agora que tenho 27 anos resolvi aceitar(e quando tinha 17 e um corpitcho magrinho me achava gorda! Vai entender!??)
    ehhe
    Beijões e Você é linda (com belos olhos!)!
    http://antonellaesuaboneca.blogspot.com.br/

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  4. O estético só se torna importante se atrapalha a sua vida... Se a sua barriga nao lhe atrapalha, ñ lhe priva de nada... parabéns! Tenha seu segundo filho e faça uma lipo escultura. uhauhauhahuahu :P

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  5. ah olha isso... li em seguida de ler o seu post
    http://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/2013/07/19/noticia_saudeplena,144050/projeto-de-fotografa-americana-incentiva-beleza-real-das-mulheres.shtml

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